14 setembro 2021

UM GUIMARÃES - POETA



   

Guimas Guimarães
E Platão disse: " Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o amor toma conta dele."

     Ser  poeta é falar com a alma. Falar com a alma as coisas simples da vida de modo que suas palavras eternizem seus sentimentos. Por isso, ser poeta  não é para qualquer um. E este Guimarães sempre pautou sua vida dentro dos limites  da bondade, da compreensão, do carinho, do Amor. E sempre soube transmitir sua sensibilidade tocando os sentimentos alheios com suas ideias, seus atos e suas palavras . 
Guimas e família
   Pois bem, estou falando de um Guimarães muito querido por mim. Sim, falo de Guimas Guimarães, meu irmão; décimo primeiro filho de Zuquinha- José Cândido  Guimarães e o terceiro  de Teresa Lopes Guimarães . Falo de um menino que caiu da goiabeira e "destroncou" o braço  direito, carregando o defeito por mais de oitenta e oito anos . Destroncou (deslocou, saiu da junta ou da articulação) era o termo  que nossos pais tentavam nos explicar  o que acontecera com o Nenzinho aquela tarde quando  chegou chorando do fundo do quintal... E o Guimas, além de Nenzinho, já foi chamado também   de "I"(i) simplesmente I. Quem será que lhe colocou tais apelidos? Eu não sei, e ele, talvez, nem se lembra do fato.E o Sherlock me disse que no Gammon, em Lavras o apelido dele era Melote. É verdade, Guimas?

   Estou falando também do Guimarães que não ostenta  Cândido    em seu nome, mas que é o mais parecido com o nosso pai, José Cândido Guimarães, não só em seus traços fisionômicos, como nos gestos e habilidades que gosta de mostrar. Fazer mágicas é uma delas. Inventar situações inusitadas , compor músicas, adivinhações, brincar com as palavras nos slogans que criava para competições televisivas e radiofônicas:"Biscoito é Tostine; o resto é bolacha."  Na foto à direita, mostro-o entre os irmãos Guimar, Guiman, ele, Ademar, Verson e Gerson, só para comprovar o que eu disse -o  mais parecido com "seu" Zuquinha. Foto aqui abaixo👇 
Zuquinha-ano 1903

Falo também do menino  que saiu de Palmeiras, onde morávamos quando crianças,  para estudar em Rio Verde. E do jovem Guimas que foi estudar em Lavras, Minas Gerais, no Instituto Gammon- Escola de Rapazes, com os companheiros Waldir, Tcheco Portilho, Sherlock Holmes e outros que se tornaram seus amigos ao longo da vida. E digo mais, saiu de Rio Verde de uma vez por todas. Nunca mais voltou a morar em sua cidade natal. 
A vida lhe desenhou caminhos vários  que precisou desbravar e Belo Horizonte foi o seu Porto Seguro. Belo Horizonte, onde sua vida profissional despontou, cresceu  e se aposentou. Belo Horizonte, a cidade onde encontrou Maria do Carmo, a Zazá, uma baixinha alegre, carinhosa que lhe deu a filha Maria Tereza  e o seu amor por tantos e tantos anos.
Guimas, Gamas, irmãos
   Veja aqui à esquerda 👈 o doce sorriso de Maria do Carmo, a companheira que faleceu em 2017. E à direita, 👉Guimas e Maria do Carmo com o irmão Gamas e cunhada Eni.
 
Quero agora  mostrar o Guimas Poeta, em uma de suas criações, falando de sua cidade.
Rio Verde_ Praça 5 de Agosto

Quando eu disse que ele saiu de Rio Verde de uma vez por todas não significa  que ele tenha abandonado, repudiado sua cidade natal. Rio Verde está em seu coração. É  sua alma poética que nos afirma o fato.


Lembranças e Saudades de Rio Verde
               Guimas Guimarães- 1992
Saudade...coisa da vida/ Lembrança de você, Rio Verde querida.
Saudade de minha infância/ Saudade de mim criança
Doces lembranças.../ De bola de meia/  de pique,/ de um papagaio lá no céu/ rabiscando as nuvens...

Lembranças da escola/ de professoras, professores.../ Gente formando gente! Que beleza!/ saudade  coisa gloriosa,/ mas também misteriosa,/ que às vezes nos faz chorar/ Com o simples relembrar...

Lembrança da rua lá de baixo/ E da casa em que nasci!/ E me vem a pergunta: por que cresci?!
Laranjas amarelinhas
Lembrança daquela  outra casa/ Do seu quintal/ do  imponente pé de tamarindo.../ lembrança até daquela laranja amarelinha/
Desafiando a gente/ lá no alto, na pontinha  do galho!
Tamarineiro da casa da Dadá
   
  Lembrança daquele pasto,/ do outro lado do córrego do Sapo/ Daquele terreno plano/ onde eu e outros moleques/ disparávamos nuns cavalos em pêlo/ disputando corrida...

A disputa dos moleques
(Quase sempre eu era o último a chegar,/ mas não me importava,/ porque o Bebé, meu irmão / era sempre o vencedor. E todos tinham inveja dele).

     Belas imagens que ficaram!
E novamente me pergunto:/ Por que a gente cresce? / Só para ver o tempo correr? / Esse tempo que tenta empoeirar/as risonhas lembranças da infância? 
 
Saudade de minha juventude/ de minha mocidade / lembrança do tempo em que parti,/ buscando horizontes de novidades...
Meus olhos olharam para trás/ e imaginaram você, Rio Verde,/ desejando-me felicidades,/ Com um lenço branco acenando./ Meus olhos orvalharam/ E ainda com eles lacrimejando/ desci noutra cidade.

Acompanhou-me a lembrança/ de um rio de liberdade,/ que deixei pela metade...
Lembrança de um rio tão verde/abraçando o sol da esperança!
Saudade... coisa da vida/ lembrança de você,/ Minha Rio Verde  querida/ Saudade de minha infância/ Saudade de mim criança...
Rio Verde- Atual

                De tempos que não voltam mais!...

                Mas o meu consolo é você,/ Minha querida Rio Verde:
                Eu cresci e você também cresceu,/ minha princesa...
E ficou linda demais!
Rio Verde- Praça 5 de Agosto

Esse é o Guimas, poeta saudosista, amoroso, cantando as doces lembranças de uma fase da vida que jamais esquece-sua infância na cidade natal. Agora, completando seus 92 anos de existência tenho de reconhecer que ele sempre foi um grande artista. Dono de uma bela voz, apresentava-se nas principais mídias de BH, dramatizando as crônicas de sua autoria, as minhas e de outros participantes dos programas românticos que comandava, além de narrar futebol...foi quase um Galvão Bueno, naqueles áureos tempos da juventude. 
Tostão, o ídolo
Falando em futebol, Guimas é Cruzeirense de coração até hoje. E  o jogador Tostão sempre foi o seu ídolo. Ele, pai de Maria Tereza, acostumado às notas clássicas de músicas de piano e aos passos de balet que a filha fazia, viveu uma inversão de valores, quando recebeu seu sobrinho José Wálcio em casa, quando foi estudar em BH. O sobrinho, mal saído da adolescência, encontrou no tio torcedor o par perfeito para a cumplicidade de vida. O sobrinho se tornou também cruzeirense e ambos viveram grandes emoções: conhecer de perto os heróis de cada um, sofrer as derrotas ou vibrar em dobro nas vitórias do time .Wálcio hoje é médico e fez do esporte uma parceria de vida. Já falei sobre o assunto quando abordei a história  Os Guimarães no Esporte- Futebol.
Quero ainda falar do carisma de Guimas pelos pequenos e grandes acontecimentos de nossa infância, em Palmeiras de Goiás, nas primeiras férias de sua vida, quando me fez conhecer a magia do Natal.
Filha, genro, netos
Maria Tereza nos tempos de balet
 A mim e aos irmãos mais novos. Foi ele o responsável por encontrarmos em nossos   sapatinhos, naquela manhã de 25 de dezembro, os belos presentes que Papai Noel nos deixou: carrinhos, bolas coloridas e uma boneca que jamais esquecerei do jeitinho dela! Que emoção! Que alegria pela visita de Noel na calada da noite! Muito tempo depois é que descobri  a verdade do fato. Obrigada, Guimas, pela sua doçura, por fazer daquele dia um dos mais belos da minha vida... E por ter participado conosco, Luizinho, Ademar, Gamas,Verson, Gerson e eu, seus irmãos mais novos, de tudo o que vivemos naquela data.

Falando em Natal, está aqui um poema que Guimas sempre apresentava em seu programa na Rádio Itatiaia. Motivo de orgulho para seus ouvintes:
             Oração de Natal de um Órfão de Guerra- poema de Orlando Cavalcante.
Papai Noel, você que não se atrasa /Na visita anual que faz a terra/ veja se faz voltar à minha casa/  O meu papai que foi brigar na guerra! /Você que pode muito mais que a gente / e tem uma força sem igual,/ bem podia me dar esse presente / na noite milagrosa de Natal. /Eu tenho o coração feito em brasa/nesta hora triste em que rezar eu venho /Todos têm seu papai dentro de casa,/ Só eu, Papai Noel, é que não tenho.

Ele partiu em uma noite estranha/ Que da lembrança nunca mais me sai/ Disse que ia brigar lá na Alemanha/ e, desde então, não vejo mais papai.../ Ele escrevia sempre. Mamãe lia/ suas cartas, baixinho, devagar: "Eu voltarei em breve- ele dizia-/ que esta guerra está prestes a acabar."/ Depois... passaram meses, muitos dias/ notícia alguma de papai nos veio. /E mamãe na maior das agonias/ esperava a passagem do correio./ Nada vinha! O silêncio era completo,/ e porque até hoje, não sei bem/ Mamãe passou a vestir de preto/ e nunca mais sorriu para ninguém./

Até que enfim, com a última batalha,/ Só de lembrar o coração me dói/ o correio nos trouxe a medalha/ Com as cinco letras da palavra- HERÓI/ Por que será, Papai Noel, me arrasa/ Essa coisa que a alma me corrói:/ Se os tais de  heróis não voltam para casa,/ Será que vale a pena ser herói?/ Papai Noel, meu santo e bom Paizinho, meu coração lhe pede sem revolta/ E eu sei que você vai dar um jeitinho/ E me mandar o meu  papai de volta...
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E dormiu abraçado com o retrato/ Seu sono manso, plácido, infantil
E encontrou, de manhã, em seu sapato/ Uma enorme bandeira do Brasil!
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Wálcio Cruzeirense
Um recadinho para o Guimas: Você pode gravar esse antigo poema para eu guardar para a posteridade sua  bela voz aqui,  em um vídeo?  Sinta-se a vontade para nos dizer SIM ou NÃO. Vamos aguardar sua resposta.
 Por hoje  me despeço de você com um grande abraço, pedindo a Nossa Senhora muitas bênçãos de saúde para você e família nas  pessoas de Paulo Henrique, Maria Tereza, Leonardo e Gabriela.

GALERIA DO GUIMAS
Seu Bem-querer


Gente que adora o Guimas
                                                                                                                                                                                        Gente que já se foi... Gente que cresceu... Gente que está aqui...Todos os que amam o Guimas...







Bodas de Prata da filha

Sobrinhadas e tio
Nós te amamos, Guimas
Irmãos e cunhadas de Guimas
Guimas, M. Tereza e Leonardo

Gilma, ele e Maristela



Sobrinhos e irmã


Familiares: Gláucia, Josafá, PH, Glória, Mariah

Irmão Delly, Lúcia e filhas













Guimarães e Leão Guimarães

Irmandade Guimarães











Que frio é esse, Guimas?
Sobrinho Cícero
Nos tempos da pandemia
       
Os Guimarãezinhos que cresceram...

Irmã Dazinha


Nazinha-irmã

Pais, irmãos,amigos

Visitas de sobrinhos para você e sua família

Reunião Fraterna
A galeria ainda vai continuar... espere!


Postado por Glória Guimarães, no dia 14 de setembro de 2021












            


2 comentários:

  1. Sobrinhos! Se você quer mandar uma palavrinha para o Guimas faça por aqui. Tem alguma foto dele? Ou um fato que quer contar? Aguardo e agradeço.

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  2. Guimas faria mais um aniversário no dia 26 de janeiro de 2024.

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