Esta é Jeanne Nascimento. Uma bela rioverdense.
Na foto abaixo, apresento sua família: os pais, Wmarley e Neades e irmãos.
Seu pai , meu sobrinho, é conhecido em Rio Verde por Bebé. Já lhes falei sobre eles na postagem anterior.
Estamos à espera das postagens da própria Jeanne. E enquanto ela não aparece, tomei a liberdade de transcrever uma de suas histórias.
UMA BELA HISTÓRIA
"Fui uma neta muito aguardada, pois meus avós paternos tiveram quatro filhos homens! Quando nasci, mudei a vida deles, antes sempre cercada de meninos .Desde que minha mãe permitiu, meus avós me carregavam com eles quase todos os fins de semana. Íamos para a fazenda, de onde tenho detalhadas e maravilhosas recordações de minha meninice.
Tinha meu avô uma camionete, tipo C10 ou C14, com certeza tendo passado pelos dois modelos...era, claro, sempre bicolor, muito linda! Quando entrávamos na cabine , ele logo me mostrava o porta-luvas, sempre um saquinho de papel pardo, abarrotado de balinhas, que ele comprava no Bar do Webe, do lado da Casa Goiana, linda loja que pertencia a eles. Lá se vendia de um tudo!
No saquinho, sempre minhas balas preferidas: metade de menta, uma balinha retangular, compridinha, bem azeda, embrulhada em papel verde-escuro. A outra metade da famosa Bala Toffe que só acho lá em Goiás, uma recoberta com chocolate e tem o torcidinho do papel dourado em uma ponta só do embrulho...
E lá íamos nós pela estrada, sempre cantarolando cantigas,muitas das quais ainda hoje me lembro saudosa" e as águas a rolar, chuá...chuá... e as águas a correr, chuê...chuê..."
Minha avó tinha para comigo zelos e detalhes que ficaram impressos na minha memória infantil: uma caiça de helanca vermelha que comprou para mim, me lembro dela dizendo esse nome que achei muito chique, eu bem miúda, sentada no seu colo a caminho da fazenda...( essa tal helanca se enchia de bolinhas desfiadas com minhas artes). Mandava fazer camisas de mangas compridas e bolsos, normalmente de tecidos xadrezinhos. Ah, por que os bolsos? Para que eu pudesse guardar as iscas, que ela me ensinava a cortar sozinha com o pequeno canivete que também me deram, quadradinhos bem iguais de queijo meia cura.
Também me comprava botinas, aquelas com elástico entre o couro para o pé entrar, que normalmente só os meninos usavam. Perdi a maioria das botinas no curral, onde atolava o pé no estrume e quando conseguia tirar, lá ficava para sempre um pé de botina...
Minha avó Nenê ensinou-me os segredos de arrumar os anzóis, passando duas vezes a linha pelo buraco
e depois torcendo bem, só que aí é que entrava a botina.Para trançar a linha, ela me fazia fincar a ponta do anzol no bico da botina-" estando firme, pode enrolar!", ela dizia. Até hoje arrumo assim meus anzóis."
VÓ NENÊ- A PESCADORA Dona Palmeirinda era uma ótima pescadora. Sempre era ela que pegava os maiores peixes. Meu avô jogava a linha em cima da dela e nem assim. Só dava ela! - Nenê, troca de lugar comigo?Dizia ele...
Uma vez perguntei como ela começou a pescar e ela me contou a seguinte emocionante história :
" Meu pai, Zuquinha Guimarães, teve, com minha mãe Cota, 9 filhos: cinco meninas e o restante homens. Só deixava os filhos homens irem para a beira do rio pescar. Naquela época já morávamos novamente em Rio Verde, depois de termos morado em Palmeiras de Goiás. Papai tinha em Rio Verde uma fazenda chamada Indaiá. No fundo da fazenda passava um rio que dava muito peixe e eu sonhava em pescar algum. Quando meus irmãos chegavam da pescaria, Mirote, Ápio, Delly e Zalim, eu ficava encantada!
NENÊ e a PIRACANJUBA - Depois que me casei com Joãozinho, fomos morar em Montividiu; tivemos os meninos, e chegou o momento em que foi necessário que fossem para Rio Verde estudar, pois não havia escolas por lá. Os meninos ficavam em Rio Verde com minha irmã Dadá. Eu e seu avô naquele lugarejo, cuidando do nosso comércio. Montividiu ficava a oito léguas de Rio Verde. Fazíamos a viagem a cavalo, levando e buscando os meninos nos intervalos dos estudos. Uma vez saímos bem de madrugada, a caminho de Rio Verde. Na hora do almoço, estávamos à beira do Monte Alegre. Arrumei o almoço que tinha trazido pronto na panela embrulhada em panos, amarrada em cima com dois nós. Todos comeram. Tirei os pelegos dos cavalos, escolhi uma árvore com bastante sombra, estendi os pelegos. Acomodei os meninos e o vovô para um cochilo. Ainda faltavam muitas léguas. Disse que iria ao rio lavar os pratos.
Fui! Tirei do embrulhinho o anzol e linha que tinha trazido escondido, amarrado num pauzinho.. Coloquei a isca e joguei. Pouco depois correu! Fisguei o primeiro peixe da minha vida. Lutei com ele por muito tempo até conseguir tirá-lo d' água. Era a mais linda PIRACANJUBA que já tinha visto! Abracei o peixe com muita força para subir o barranco, que era bastante alto. Lembro até hoje do rabo dela batendo nas minhas pernas...
Aí... Nunca mais parei de pescar!"
Até hoje meus olhos ficam marejados quando me lembro dela contando. Herdei muitas de suas paixões, pescarias, cozinhar, gosto pela música, senso de humor e, principalmente, a certeza de que devemos fazer de nossos netos crianças felizes. Acho que fui a criança mais feliz do mundo! A razão disso denomina-se AMOR!
Saudade, para mim, é lembrar de quem se foi, com tamanha alegria, que até inunda nossa alma. Cada uma dessas lembranças são como ainda receber seus abraços" Ass..Jeanne Nascimento.
Postado por Glória Guimarães- Brasília, 18 de junho de 2016
Olá. 'Passeando' pela internet encontrei este blog, também tenho o sobrenome Guimarães, sou blogueiro e morador na cidade de São Desidério/BA. Estava lendo as matérias, porém não consegui reconhecer ninguém, rs, possa ser que vocês são de outra geração. Meu e-mail é matuzalem_sd@hotmail.com caso queira entrar em contato ou Matuzalem Guimarães (no Facebook). Abraço
ResponderExcluirOlá, Matuzalém, sou Glória Guimarães,moro em Brasília. Pretendo atualizar o blog da Família Guimarães. Só agora,ano 2020, vi o seu comentário. Espero que você entre em contato comigo. Meu e-mail: m34gloria@yahoo.com.br
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