Já disse que os primeiros Guimarães eram negociantes por natureza. CASAS GUIMARÃES existiram por todos os lugares onde nossos antepassados viveram. E cada um deles tinha uma técnica infalível pra vender "as coisas" que comercializavam.
Vou contar, então, o que eu conheci de um baiano, cem por cento rioverdense, que era o papai Zuquinha, José Cândido Guimarães.
Aqui, na foto ao lado, está ele, o papai, acompanhado dos quatro filhos mais novos, que nasceram em Palmeiras de Goiás: Ademar, Gamas(atrás, de pé), Verson (ajoelhado) e Gerson (à frente, sentado).Luis, Guimas, Guiman, Guimar e eu nascemos em Rio Verde.
Técnicas de VENDAS ou simplesmente ESTRATAGEMAS para vender alguma coisa?
Nos tempos de papai e de meus tios, os artifícios para vender alguma coisa consistiam de muita lábia, carisma do negociante e criatividade, além da amizade com os habitantes das cidades onde viviam. As alternativas de mídia dos nossos tempos só viriam muitíssimos anos depois.
Os exemplos que passo a relatar ilustram a minha afirmativa.
1- O CASO DA SALSICHA - A Casa de Zuquinha Barateiro, em Palmeiras, no final da década de 30 ou início de 40, ficava próxima da melhor loja da cidade, pertencente aos Mendonça. Era um tipo de armazém. Nele, papai vendia arroz, feijão, farinha, aviamentos, cerveja, guaraná, pinga, balinhas, roscas e bolos que a mamãe fazia, todo sábado. Um pouco de tudo.
Um dia, vi que tinha em vidros um tipo de bolacha com açúcar por cima, tipo bolachas waffles. Novidade! E nas prateleiras várias latinhas lacradas com coisa que eu desconhecia. Mais novidade! A partir daquele dia, papai anunciava a todos os que passavam na rua. E a rua era muito movimentada. Era entrada e saída dos cavaleiros que vinham das fazendas próximas. " Venham, Venham, compadres! Temos novidades! Olá, João da Zica, vem ver! Vem, dona Siana!" É claro, todo o mundo entrava e comprava. Certo dia, eu ouvi: " Vem, gente! Vem, compadre Zé Fernandes! Na latinha tem um negócio parecendo pinto de cachorro! É gostoso." Aí é que todo mundo queria ver e comprar.
Aquilo atiçou a minha curiosidade de criança de sete anos. Eu corri para ver. Meti-me entre os compradores e vi papai abrir a latinha e mostrar vitorioso seis rolinhos cor-de-rosa, nadando em uma água salgada, entremeados com alguma gotas de gordura. Partiu um rolinho e deu aos fregueses. Eu, a primeira vista, exclamei: "Eca!" pensando naquilo do cachorro. Mas depois, provei. E gostei. Foi a primeira vez que o povo de Palmeiras e eu conhecemos salsicha. Estava escrito na latinha Salsichas Swift. No armazém de Zuquinha nunca mais faltou a novidade...
2- CARRETÉIS DE LINHA ENCALHADOS- Na parte de aviamentos, havia uma caixa com 12 carretéis de linha da cor preta. Ninguém comprava, as costureiras só queriam linha branca. " Vou dar jeito de vender esses carretéis", disse papai. " Só quero ver" retrucou mamãe. Papai chamou quatro afilhados e lhes disse: "Vou dar a cada um de vocês duzentos réis..." Pra quê, padrinho? Perguntou um deles." Só para vocês perguntarem ao Orestes Mendonça se lá na loja dele tem linha preta de carretel. Digam que a comadre quer comprar. Cada um vai lá três vezes. Você, Miguelzinho, vai só uma vez, no final. Se o Orestes responder que não tem, diga que vai comprar na casa do seu padrinho. Diga que você sabe que o seu padrinho tem, estamos combinados?" " Sim", responderam os garotos. E assim fizeram. O primeiro garoto vai à loja do Orestes e faz a pergunta."Não tem, menino!" Vai o segundo. A mesma resposta. O terceiro. Idem. E assim foi, até chegar a vez de Miguelzinho: " Tem não, seu Orestes? Então, vou comprar lá no seu Zuquinha, lá tem. Antes de o Miguelzinho sair da loja, seu Orestes mandou um funcionário comprar o estoque de linha preta do papai. E lá se foram os 12 carretéis encalhados da Casa de Zuquinha Barateiro.
ETA! Que vendedor era esse, hein, gente? KKKKKKK!!
Por hoje é só. Depois, conto mais.
Postado por Glória Guimarães, no dia 18 de maio de 2015
18 maio 2015
14 maio 2015
AINDA OS GUIMARÃES COMERCIANTES EM RIO VERDE E PALMEIRAS DE GOIÁS
Wmarley Guimarães Nascimento / Bebé. |
O que aconteceu com esta loja? Não sei . Só o Bebé para nos contar...
Aqui está o Walsh e seu filho do mesmo nome |
Quem não se lembra do Nello, nosso primo? |
E a história continua - Com o falecimento de Odília e Cota, os irmãos Joaquim e José constituíram novas famílias, ainda em Rio Verde. O primeiro casou-se com Beatriz Maria de Jesus. Tiveram um filho chamado Agnello, o conhecido fotógrafo Nello, também proprietário de uma casa de construção e uma gráfica na praça Cinco de Agosto, em nossa cidade.
Nello, um dia, mudou-se para Goiânia com a família . Lá, expandiu sua gráfica e nela trabalhou até sua aposentadoria. E hoje seus filhos , principalmente José Carlos e Antônio Carlos são herdeiros dos negócios do pai.
Fiquei sabendo que o filho Antônio Carlos e a filha Beatriz Maria, esta, na época, um tiquinho de gente, estiveram ao lado do Nello, dividindo com ele as responsabilidades ali, na loja da praça, na década de 50. Por isso podemos constatar: Família que trabalha unida , permanece sempre unida.
meu |
Zuquinha e os filhos mais novos: Ademar, Gamas, Verson e Gerson |
Gerson, o filho mais novo, o garoto sentado à frente de papai, hoje conhecido como o Gegê teve seus dias de glória no comércio.Sua empresa intitulada Aqui Agora vendia trator, grade, carreta plantadeira, disco de arado e outras coisas do mundo agrícola, tudo usado, é claro. Como está hoje a loja? Eu não sei. Sei que o Gegê só quer saber agora de sombra e água fresca e curtir a sua chácara.
E o Gamas? É o garoto de pé, ao lado esquerdo de papai. Ele também passou pela experiência, defendendo o ramo de autopeças em Rio Verde e Brasília.
Roney foi funcionário do conglomerado de lojas Novo Mundo. E sabia vender muito bem: tudo para o bem do cliente. Creio que hoje trabalha em outro ramo.
Pelos relatos, percebemos que o comércio sempre esteve presente nas atividades da nossa família. Só eu mesma que jamais tive esse dom !...
Postado por Glória Guimarães, no dia 14 de maio de 2015
12 maio 2015
OUTROS GUIMARÃES COMERCIANTES EM GOIÁS
A cidade agora é Rio Verde - Com a morte de Mirote, em 1947, os sócios Ápio, Sintico, Jesuíno e Delly resolveram deixar Baliza. Fizeram de Rio Verde a nova sede da empresa. E uma nova Casa Guimarães mais moderna, bem maior, foi instalada na rua Gumercindo Ferreira. Ficava próximo ao Grupo Escolar Eugênio Jardim, onde fui professora de 1953 a 56. Não sei dizer por quanto tempo esteve ali e por que acabou. Nesta loja, lembro-me bem, trabalharam nela, além dos donos, meu colega João Lima,, Zezinho Leão e Heloísa Veloso.
Anos depois, o Ápio foi dono da máquina de arroz "Ás de Ouro", sócio com o sr. Lilico Ribeiro.
Quanto ao Delly empregou suas economias de contabilista em compras de mercadorias para uma futura loja em sociedade com Rosalvo, irmão mais jovem que ele. Foram a São Paulo fazer as compras e já estavam organizando tudo para a inauguração da loja que ficaria na rua principal, rua Gumercindo Ferreira. A loja tinha uma porta de madeira, com três vidros na parte superior. Um dos vidros se quebrou e o Delly havia providenciado outro. Na véspera da inauguração, a loja foi totalmente incendiada, levando não apenas as economias de Delly e Zalim, mas toda a esperança dos irmãos. Assim, Delly deixou suas atividades em Rio Verde. Retornou a Lavras, Minas Gerais, com a família.
Zalim, como era conhecido o Rosalvo, foi dono do Big Bar. Era um prédio de esquina, também na rua Gumercindo Ferreira, do lado direito da pracinha da Igreja São Sebastião. Era um imponente bar! E foi o point da juventude da época. Pouco sei de sua origem. Sei apenas que pertenceu ao Zalim até os primeiros anos da década de 50. Era mais um Guimarães vivendo a prática do comércio, fazendo a alegria de muita gente.
Da primeira família de Zuquinha, não posso deixar de lado Palmeirinda Leão Guimarães Nascimento, a Nenê do Joãozinho, uma negociante de mão cheia. Sua casa comercial era A Goiana , loja de tecidos, calçados e outras novidades que encantavam a população feminina. A loja ficava na rua principal, a Gumercindo Ferreira, é claro, calçada com paralelepípedos, onde as mocinhas faziam footing, à noite.
Anos antes, Nenê e Joãozinho iniciaram a vida de comerciantes em Montividiu, antigo distrito de Rio Verde. Na foto ao lado, Nenê e João em suas Bodas de Ouro, não me lembro o ano. O casal está acompanhado pelos irmãos Ápio e Delly, atrás, e outros familiares. As irmãs Dedé (Adélia) e Rosilda, sentadas, ao lado deles.
Na próxima postagem, a história continuará....
Postado por Glória Guimarães, no dia 12 de maio de 2015
Anos depois, o Ápio foi dono da máquina de arroz "Ás de Ouro", sócio com o sr. Lilico Ribeiro.
Quanto ao Delly empregou suas economias de contabilista em compras de mercadorias para uma futura loja em sociedade com Rosalvo, irmão mais jovem que ele. Foram a São Paulo fazer as compras e já estavam organizando tudo para a inauguração da loja que ficaria na rua principal, rua Gumercindo Ferreira. A loja tinha uma porta de madeira, com três vidros na parte superior. Um dos vidros se quebrou e o Delly havia providenciado outro. Na véspera da inauguração, a loja foi totalmente incendiada, levando não apenas as economias de Delly e Zalim, mas toda a esperança dos irmãos. Assim, Delly deixou suas atividades em Rio Verde. Retornou a Lavras, Minas Gerais, com a família.
Pracinha do fundo da Igreja São Sebastião- 1950 |
Nenê, João e familiares |
Anos antes, Nenê e Joãozinho iniciaram a vida de comerciantes em Montividiu, antigo distrito de Rio Verde. Na foto ao lado, Nenê e João em suas Bodas de Ouro, não me lembro o ano. O casal está acompanhado pelos irmãos Ápio e Delly, atrás, e outros familiares. As irmãs Dedé (Adélia) e Rosilda, sentadas, ao lado deles.
Na próxima postagem, a história continuará....
Postado por Glória Guimarães, no dia 12 de maio de 2015
08 maio 2015
OS GUIMARÃES COMERCIANTES EM GOIÁS
A história continua...
Os irmãos Joaquim e José, ambos Cândido Guimarães, vindos da Bahia, estabeleceram-se em Rio Verde- Goiás. Lá trabalharam, namoraram duas irmãs da família Leão. Casaram- se, por volta de 1904. Vieram os filhos. De Joaquim e Odília nasceram: Arlinda (Dondona), Armia, Silvino (Sintico) e Clotilde.
De José, apelidado Zuquinha e de Maria (Cota) nasceram : Idália (Dadá), Ápio, Palmiro (Mirote), Adélia (Dedé), Palmeirinda (Nenê), Ordália (Dazinha), Delly, Rosalvo(Zalim) e Rosilda.
De Joaquim Baiano pouco posso falar, mas de meu pai Zuquinha, sim. Ele, além de ser dono da Fazenda Indaiá, foi comerciante. O primeiro comerciante desta família que se tem notícia. O seu tino comercial deve ter influenciado parte dos descendentes. Sua primeira loja foi a base de outras que surgiram ao longo da vida.
É uma pena não possuirmos muitas fotos ou registros que comprovem os fatos. Após 1904, tudo o que sabemos é meio folclórico, isto é, ouvimos dizer ou alguém nos contou. Foi assim que soubemos que a primeira Loja Guimarães ou a popular Casa do Zuquinha Barateiro, em Rio Verde, ficava na antiga Praça do Jardim, onde é hoje a Faculdade de Direito. Nesta praça, estava também a cadeia velha, hoje tombada como Patrimônio Cultural. Tomando-se como base o prédio da cadeia, a loja de papai situava-se à direita, entre as residências do sr. João Veloso e sr. Oscar Ribeiro. Ali viveram os primeiros filhos de Zuquinha e dele receberam o exemplo e vivenciaram sua experiência.
Ápio, Mirote e Zalim seguiram os passos de papai. O irmão Delly indiretamente também viveu a profissão, uma vez que atuou como contador da firma Guimarães, depois de ter se formado em Lavras-MG.
Jesuíno Veloso, filho de João Veloso, vizinho e amigo dos quatro irmãos, acredito ter tido influência da nossa família. Ele e meus irmãos foram sócios da Casa Guimarães que abriram na cidade de Baliza, na década de 40. Um outro sócio desta loja foi Silvino Guimarães, o Sintico, filho de Joaquim Baiano. Não sabemos se entre os outros descendentes do tio Joaquim há mais comerciantes. Sabemos, porém, que Marcelo, filho de Dondona e um dos sobrinhos de Sintico são proprietários de uma panificadora em Bom Jardim, Goiás.
Como seria aquela Casa do Zuquinha Barateiro? Certamente um local onde se vendia quase tudo: tecidos, calçados, panelas, outros vasilhames, querosene, açúcar, arroz, farinha e por aí vai.
E a Casa Guimarães nas terras de Baliza?Penso que ambas eram o retrato autêntico dos famosos Secos e Molhados de anos atrás. Destaco a loja de Baliza. Lá os sócios compravam e vendiam diamantes, sabiam?
Minha sobrinha Jeanne, filha de Wmarley e Neades, de Rio Verde, esteve em 2013, em Torixoréu. Visitou a parte de Baliza, onde meus irmãos e primo tiveram a loja, mandou-me as fotos anexas e a notícia seguinte:"O prédio da Loja Guimarães hoje abriga uma loja de materiais de construção. Pintada de azul, conserva as portas e portais vermelhos do passado. Na cidade, ainda hoje quando se fala dos Guimarães, ajunta gente a contar estórias e histórias. Todo idoso que passa pela gente e ouve a palavra Guimarães se aproxima para conversar. Vivi horas de emoção, olhando as águas do Araguaia que segue benfazejo, ainda rico de diamantes, de sonhos e histórias."
Agradeço a Jeanne por essa contribuição tão importante.
Postado por Glória Guimarães, no dia 8 de maio de 2015 - Brasília- DF.
Os irmãos Joaquim e José, ambos Cândido Guimarães, vindos da Bahia, estabeleceram-se em Rio Verde- Goiás. Lá trabalharam, namoraram duas irmãs da família Leão. Casaram- se, por volta de 1904. Vieram os filhos. De Joaquim e Odília nasceram: Arlinda (Dondona), Armia, Silvino (Sintico) e Clotilde.
De José, apelidado Zuquinha e de Maria (Cota) nasceram : Idália (Dadá), Ápio, Palmiro (Mirote), Adélia (Dedé), Palmeirinda (Nenê), Ordália (Dazinha), Delly, Rosalvo(Zalim) e Rosilda.
De Joaquim Baiano pouco posso falar, mas de meu pai Zuquinha, sim. Ele, além de ser dono da Fazenda Indaiá, foi comerciante. O primeiro comerciante desta família que se tem notícia. O seu tino comercial deve ter influenciado parte dos descendentes. Sua primeira loja foi a base de outras que surgiram ao longo da vida.
Cadeia antiga - Hoje restaurada-Patrimônio Cultural- Palácio da Intendência |
Sintico Guimarães |
Jesuíno Veloso, filho de João Veloso, vizinho e amigo dos quatro irmãos, acredito ter tido influência da nossa família. Ele e meus irmãos foram sócios da Casa Guimarães que abriram na cidade de Baliza, na década de 40. Um outro sócio desta loja foi Silvino Guimarães, o Sintico, filho de Joaquim Baiano. Não sabemos se entre os outros descendentes do tio Joaquim há mais comerciantes. Sabemos, porém, que Marcelo, filho de Dondona e um dos sobrinhos de Sintico são proprietários de uma panificadora em Bom Jardim, Goiás.
Prédio onde era Casa Guimarães, em Baliza |
Jeanne e a pedra famosa de Baliza |
Minha sobrinha Jeanne, filha de Wmarley e Neades, de Rio Verde, esteve em 2013, em Torixoréu. Visitou a parte de Baliza, onde meus irmãos e primo tiveram a loja, mandou-me as fotos anexas e a notícia seguinte:"O prédio da Loja Guimarães hoje abriga uma loja de materiais de construção. Pintada de azul, conserva as portas e portais vermelhos do passado. Na cidade, ainda hoje quando se fala dos Guimarães, ajunta gente a contar estórias e histórias. Todo idoso que passa pela gente e ouve a palavra Guimarães se aproxima para conversar. Vivi horas de emoção, olhando as águas do Araguaia que segue benfazejo, ainda rico de diamantes, de sonhos e histórias."
Agradeço a Jeanne por essa contribuição tão importante.
Postado por Glória Guimarães, no dia 8 de maio de 2015 - Brasília- DF.
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